Nasci em uma Fazenda chamada Senhor do Bomfim, no ano de 1978, no dia 27 de março, ás 23h00min horas, de parto natural e muito difícil. Minha mãe conta que sofreu demais no parto, eu era um bebê muito doentinha. Com poucos dias de nascida tive que ser levada ao Hospital na cidade de Jaguaquara, por conta de uma diarréia. Lá os médicos me desenganaram e mandaram minha mãe me levar para morrer em casa. Mainha, apesar da inexperiência, pois ela só tinha 16 anos, não desistiu de mim tão facilmente, contou com a ajuda da minha tia Ana, irmã do meu pai que com remédios caseiros conseguiram fazer com que eu melhorasse da diarréia.
Apesar da pouca condição financeira dos meus pais, ambos vinham de famílias humildes, eles eram pessoas que se esforçavam para nos educar e nunca deixar faltar nada. Meu pai com apenas 13 anos de idade já sustentava seus pais e irmãos. A falta de emprego no campo levou meu pai, que já fazia alguns trabalhos no CEASA de Jaguaquara, a se mudar com todas nós para a cidade. Eu tinha 03 anos de idade quando nos mudamos para Jaguaquara. Meu pai havia construído uma casa simples, porém grande, um quintal imenso com várias árvores frutíferas. Eu e minhas irmãs brincávamos muito nesse quintal. Sou a filha mais velha de mais quatro irmãs e um irmão.
Sempre doentinha, vivia sob os cuidados da minha família. Comecei a estudar com 04 anos numa escola que ficava próxima a minha casa. Era uma escola mantida pelo Estado de nome C.S.U. (Centro Social Urbano), que atendia crianças da pré-escola. Adorava ir para a essa escola. Lembro-me das músicas, das brincadeiras de roda, as atividades e de um parquinho da escola com roda e uma gaiola. A merenda era deliciosa, a escola tinha um ambiente atrativo e acolhedor. Se eu fechar os olhos consigo ver as professoras Conça, Débora e Paula cantando as músicas de roda e em especial a cantiga de Seu Juquinha para as crianças. As atividades eram de cobrir os pontinhos, pintar e fazer colagens com bolinhas de papel. Ao redor da escola tinha árvores e eu costumava subir para brincar. Fui alfabetizada com o método fônico aos 06 anos de idade, nessa mesma escola na qual fiz o pré-escolar.
Ao iniciar o Ensino Fundamental mudei de escola, que também ficava no mesmo bairro onde morava. Já estava lendo. Hoje percebo que apenas decodificava. Recordo-me da decoreba do alfabeto maiúsculo e minúsculo da 1ª unidade como requisito para a conclusão do ciclo da alfabetização. E nas outras séries a decoreba da tabuada como sendo requisito para aprovação. Fiz todo o Ensino Fundamental até a 4ª série nesta Escola Estadual Menandro Minahim. Não consigo me lembrar de nenhum momento prazeroso de leitura a não ser das leituras enormes do livro didático com suas interpretações que nem mesmo as professoras sabiam do que se tratava. Lembro-me das provas e testes que nos faziam suar de medo e das ameaças da professora caso olhássemos para os colegas. Sentávamos nas carteiras enfileiradas sem nenhuma possibilidade de interação aluno\aluno e professor\aluno. O professor era o detentor do conhecimento e nós meros ouvintes.
Uma pré-adolescente muito tímida, aos 11 anos chega ao ginásio. Tinha cara de doente e andava com os olhos sempre irritados por conta de uma Renite alérgica que me acompanhava desde a infância, mas só diagnosticada na adolescência. Adorava ler livros de romance e revistas em quadrinhos. Lembro-me de um período de férias que li 50 revistinhas. Minha mãe vivia brigando comigo dizendo que eu não devia "apurar" tanto as vistas e procurar brincar um pouquinho, pois só vivia dentro de casa lendo. A minha família sempre me elogiava dizendo que era muito inteligente e que eu iria longe nos estudos. E eu cresci acreditando nisso!! Cursei da 5ª a 8ª série no Colégio Pio XII, onde também pude cursar o Magistério. Escolhi o curso por falta de opção na cidade, pois a escola que oferecia na época o Científico era privada e meus pais não tinham condição de pagar. Durante esse período consigo perceber na prática de alguns professores algumas contribuições para o exercício da cidadania. Alguns professores me incentivaram a participar do grêmio estudantil da escola, grupos de jovens na Igreja Católica, a reivindicar nossos direitos como estudantes, lutamos por melhorias do próprio Colégio. São educadores que até hoje me inspiro. A partir dessas participações venci minha timidez e hoje deu no que deu...
Apesar da pouca condição financeira dos meus pais, ambos vinham de famílias humildes, eles eram pessoas que se esforçavam para nos educar e nunca deixar faltar nada. Meu pai com apenas 13 anos de idade já sustentava seus pais e irmãos. A falta de emprego no campo levou meu pai, que já fazia alguns trabalhos no CEASA de Jaguaquara, a se mudar com todas nós para a cidade. Eu tinha 03 anos de idade quando nos mudamos para Jaguaquara. Meu pai havia construído uma casa simples, porém grande, um quintal imenso com várias árvores frutíferas. Eu e minhas irmãs brincávamos muito nesse quintal. Sou a filha mais velha de mais quatro irmãs e um irmão.
Sempre doentinha, vivia sob os cuidados da minha família. Comecei a estudar com 04 anos numa escola que ficava próxima a minha casa. Era uma escola mantida pelo Estado de nome C.S.U. (Centro Social Urbano), que atendia crianças da pré-escola. Adorava ir para a essa escola. Lembro-me das músicas, das brincadeiras de roda, as atividades e de um parquinho da escola com roda e uma gaiola. A merenda era deliciosa, a escola tinha um ambiente atrativo e acolhedor. Se eu fechar os olhos consigo ver as professoras Conça, Débora e Paula cantando as músicas de roda e em especial a cantiga de Seu Juquinha para as crianças. As atividades eram de cobrir os pontinhos, pintar e fazer colagens com bolinhas de papel. Ao redor da escola tinha árvores e eu costumava subir para brincar. Fui alfabetizada com o método fônico aos 06 anos de idade, nessa mesma escola na qual fiz o pré-escolar.
Ao iniciar o Ensino Fundamental mudei de escola, que também ficava no mesmo bairro onde morava. Já estava lendo. Hoje percebo que apenas decodificava. Recordo-me da decoreba do alfabeto maiúsculo e minúsculo da 1ª unidade como requisito para a conclusão do ciclo da alfabetização. E nas outras séries a decoreba da tabuada como sendo requisito para aprovação. Fiz todo o Ensino Fundamental até a 4ª série nesta Escola Estadual Menandro Minahim. Não consigo me lembrar de nenhum momento prazeroso de leitura a não ser das leituras enormes do livro didático com suas interpretações que nem mesmo as professoras sabiam do que se tratava. Lembro-me das provas e testes que nos faziam suar de medo e das ameaças da professora caso olhássemos para os colegas. Sentávamos nas carteiras enfileiradas sem nenhuma possibilidade de interação aluno\aluno e professor\aluno. O professor era o detentor do conhecimento e nós meros ouvintes.
Uma pré-adolescente muito tímida, aos 11 anos chega ao ginásio. Tinha cara de doente e andava com os olhos sempre irritados por conta de uma Renite alérgica que me acompanhava desde a infância, mas só diagnosticada na adolescência. Adorava ler livros de romance e revistas em quadrinhos. Lembro-me de um período de férias que li 50 revistinhas. Minha mãe vivia brigando comigo dizendo que eu não devia "apurar" tanto as vistas e procurar brincar um pouquinho, pois só vivia dentro de casa lendo. A minha família sempre me elogiava dizendo que era muito inteligente e que eu iria longe nos estudos. E eu cresci acreditando nisso!! Cursei da 5ª a 8ª série no Colégio Pio XII, onde também pude cursar o Magistério. Escolhi o curso por falta de opção na cidade, pois a escola que oferecia na época o Científico era privada e meus pais não tinham condição de pagar. Durante esse período consigo perceber na prática de alguns professores algumas contribuições para o exercício da cidadania. Alguns professores me incentivaram a participar do grêmio estudantil da escola, grupos de jovens na Igreja Católica, a reivindicar nossos direitos como estudantes, lutamos por melhorias do próprio Colégio. São educadores que até hoje me inspiro. A partir dessas participações venci minha timidez e hoje deu no que deu...
Com 17 anos conclui o magistério no ano de 1995. Meus pais ficaram orgulhosos de mim. Não pretendia seguir a carreira de professora, mas eis que veio a oportunidade. Após concurso público em fevereiro de 1996, ingressei no quadro de professores do município de Jaguaquara passando desde então a atuar em diferentes funções: vice-diretora, professora do Ensino Fundamental I e II, Diretora e Supervisora Escolar. Atualmente estou como coordenadora do Ensino Fundamental do município. A experiência obtida ao trabalhar em escolas do município por nove anos consecutivos e os desafios da realidade foi determinante, para a escolha do Curso de Pedagogia, pois senti a necessidade de buscar conhecimento teórico para fundamentar a minha prática pedagógica. Ingressei na Universidade em 2006 e no decorrer do percurso estive a cada semestre tendo a certeza de estar no caminho certo. E por diversas vezes pude confiantemente falar da minha certeza com colegas e professores, pois este correspondeu as minhas expectativas.
Ter a possibilidade de fazer o curso de pedagogia atuando na área da educação me possibilitou fazer reflexões acerca da construção e reconstrução do meu fazer pedagógico, questionando constantemente a minha prática cotidiana que se constituía e se constitui no único meio capaz de me fazer refletir para mudar, intervindo na realidade, como instrumento de mudança, capaz de pensar a educação como ela deve se constituir de fato, uma prática de\para liberdade. A necessidade de unir teoria e prática esteve e está como um desafio proposto para mim. O curso de Pedagogia me ensinou que o conhecimento e o autoconhecimento são chaves fundamentais para que possamos exercer a nossa profissão com serenidade e sabedoria. Não é tarefa fácil, pois mexer com nossos sentimentos, enfrentar nossos monstros pessoais gera ansiedade e receio, mas é necessária essa busca interior. Hoje posso afirmar que o ser humano Letícia se tornou uma pessoa melhor, mais segura e feliz.
Nestas últimas décadas a universalização da educação básica e conseqüentemente a expansão das redes públicas de ensino obrigaram educadores a reverem sua própria prática e a buscar novos rumos para a educação. Diante desse panorama educacional, percebo que o modelo de escola de 30 anos atrás que muitos temem em manter não corresponde mais aos interesses dos nossos alunos de hoje. É preciso rever o sistema escolar com seus métodos destinados a aprendizagem, seus sistemas avaliativos para atender alunos com características individuais.
Ao longo de minha Carreira profissional, muitas vezes tive dúvidas sobre como ajudar os meus alunos nas suas dificuldades. Fui testando e pesquisando daqui e dali, observando e dialogando com outros professores. Nesse percurso perdi angústias e medos, assim como ganhei segurança, maturidade e desenvolvi algumas capacidades para entender cada caso de maneira diferenciada. A todo o momento estive buscando vivenciar, estudar e teorizar a própria prática alargando o meu olhar de pesquisadora, tomando o objeto de trabalho como instrumento de pesquisa, transformando o espaço escolar e, especificamente a sala de aula, como um laboratório vivo e real. Como advoga Vasconcelos (2004), “o professor é também um pesquisador. [...] ora, como sabemos, os desafios do cotidiano escolar são graves por demais; portanto para enfrentá-los com competência, o educador precisa estar sempre estudando, lendo, buscando”.
Ter a possibilidade de fazer o curso de pedagogia atuando na área da educação me possibilitou fazer reflexões acerca da construção e reconstrução do meu fazer pedagógico, questionando constantemente a minha prática cotidiana que se constituía e se constitui no único meio capaz de me fazer refletir para mudar, intervindo na realidade, como instrumento de mudança, capaz de pensar a educação como ela deve se constituir de fato, uma prática de\para liberdade. A necessidade de unir teoria e prática esteve e está como um desafio proposto para mim. O curso de Pedagogia me ensinou que o conhecimento e o autoconhecimento são chaves fundamentais para que possamos exercer a nossa profissão com serenidade e sabedoria. Não é tarefa fácil, pois mexer com nossos sentimentos, enfrentar nossos monstros pessoais gera ansiedade e receio, mas é necessária essa busca interior. Hoje posso afirmar que o ser humano Letícia se tornou uma pessoa melhor, mais segura e feliz.
Nestas últimas décadas a universalização da educação básica e conseqüentemente a expansão das redes públicas de ensino obrigaram educadores a reverem sua própria prática e a buscar novos rumos para a educação. Diante desse panorama educacional, percebo que o modelo de escola de 30 anos atrás que muitos temem em manter não corresponde mais aos interesses dos nossos alunos de hoje. É preciso rever o sistema escolar com seus métodos destinados a aprendizagem, seus sistemas avaliativos para atender alunos com características individuais.
Ao longo de minha Carreira profissional, muitas vezes tive dúvidas sobre como ajudar os meus alunos nas suas dificuldades. Fui testando e pesquisando daqui e dali, observando e dialogando com outros professores. Nesse percurso perdi angústias e medos, assim como ganhei segurança, maturidade e desenvolvi algumas capacidades para entender cada caso de maneira diferenciada. A todo o momento estive buscando vivenciar, estudar e teorizar a própria prática alargando o meu olhar de pesquisadora, tomando o objeto de trabalho como instrumento de pesquisa, transformando o espaço escolar e, especificamente a sala de aula, como um laboratório vivo e real. Como advoga Vasconcelos (2004), “o professor é também um pesquisador. [...] ora, como sabemos, os desafios do cotidiano escolar são graves por demais; portanto para enfrentá-los com competência, o educador precisa estar sempre estudando, lendo, buscando”.
Dessa forma, tornou-se mais fácil e prazerosa e menos aflitiva a minha missão de educadora. O conhecimento e o autoconhecimento me comprometem com uma prática mais elaborada e mais competente. Sei que não sou dona da verdade, não domino todas as informações que estão à disposição dos meus alunos, mas posso ser referência de conduta, de ética, de afetividade e de amor por esta profissão.
Letícia,
ResponderExcluirCaminhamos e chegamos até aqui. Cada um com sua história, de lutas e desafios, mas com a certeza da vitória. Eu sei da sua luta e acredito muito em você. Força amiga, que logo estaremos comemorando mais essa etapa. Você é uma pessoa muito especial, e Deus sabe que torço muito por você!!!!!
Beijos!!!!!!!!!!!!!!
Letícia,
ResponderExcluirSua narrativa está belissíma e bem implicada com a sua história de vida.Vc compreendeu pefeitamente a proposta da narrativa. Só gostaria que vc focasse um pouco mais no seu processo de alfabetização, trazendo reflexões teóricas.
Beijos,
Socorro
Gosto de adquirir conhecimento por meio de leituras de sites como o seu. Sempre navego porque uso textos assim para minhas aulas sobre gêneros textuais no Ensino Médio na escola em que sou professora. Um grande abraço e beijos.
ResponderExcluirCarla Santos
P.s.: meu último artigo é sobre frases para status do facebook.